quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Transformar as impressões

 


O Primeiro Choque Consciente radica, precisamente, na transformação das impressões que chegam à mente. Se se consegue transformar as impressões que chegam à mente no próprio momento de sua entrada, sempre se pode trabalhar no resultado das mesmas. Está claro que ao transformá-las, evitamos que produzam seus efeitos mecânicos que sempre resultam ser desastrosos no interior de nossa psique.

Isso exige um sentimento definido, uma vibração definida do trabalho, uma valorização do ensinamento, o que significa que este trabalho esotérico deve ser levado até o ponto, por assim dizer, por onde entram as impressões, e desde onde são distribuídas – mecanicamente – a seu lugar de costume (pela personalidade), para evocar as antigas reações.

Quero que vocês vão entendendo um pouco mais. Vou tratar, digamos, de simplificar, a fim de que vocês possam entender. Porei um exemplo: se jogamos uma pedra a um lago cristalino, no lago vemos que se produzem impressões, e é a resposta às impressões dadas pela pedra (são as reações).

Bem, há impressões que não são muito agradáveis. Por exemplo, as palavras de um insultador não são, por certo, muito boas que se diga, não? Claro que poderíamos, digamos, transformar essas palavras do insultador.

Porém, sim, as palavras são como são, e então o que poderíamos fazer? Transformar as impressões que tais palavras nos produzem? Sim, isso é possível, e o ensinamento gnóstico nos ensina a cristalizar a Segunda Força (ou seja, o Cristo em nós), mediante um postulado que diz:

“Há que se receber com agrado as manifestações desagradáveis de nossos semelhantes.”

Eis aqui, pois, o modo de transformar as impressões que produzem em nós as palavras de um insultador: “Receber com agrado as manifestações desagradáveis de nossos semelhantes”.

Este postulado nos levará, naturalmente, à cristalização da Segunda Força (ou seja, o Cristo em nós), fará com que o Cristo venha a tomar forma em nós. É um postulado sublime, esotérico em 100%.

Agora, se do mundo físico não conhecemos senão as impressões, então o mundo físico propriamente não é tão externo como creem as pessoas. Como justa razão Immanuel Kant disse: “O exterior é o interior”. Então, pois, se o interior é o que conta, devemos transformar o interior: as impressões são interiores.

Assim, todos os objetos, as coisas, tudo o que vemos, existe em nosso interior na forma de impressões. Se, por exemplo, não transformamos as impressões, nada munda em nós. A luxúria, a cobiça, o ódio, o orgulho etc. existem na forma de impressões – dentro de nossa psique – e vibram incessantemente.

O resultado mecânico de tais impressões são todos esses elementos inumanos que levamos dentro e que normalmente os temos chamado de Eus (os eus, que em seu conjunto constituem-se no mim mesmo, no si mesmo, não é?).

Suponhamos que um indivíduo vê uma mulher provocativa e não transforma suas impressões. O resultado será que as mesmas – de tipo naturalmente luxurioso – exigem dele, pois, um desejo de possuí-la.

Tal desejo vem a ser o resultado mecânico da impressão recebida, e se plasma, vem a cristalizar, a tomar uma forma em nossa psique, converte-se em um agregado mais, ou seja, em um elemento inumano, em um novo eu de tipo luxurioso que vem a se agregar à soma já existente de elementos inumanos que, em sua totalidade constituem o Ego, o mim mesmo, o si mesmo.

Porém, vamos seguir refletindo: em nós existem a ira, a cobiça, a luxúria, a inveja, o orgulho, a preguiça e a gula: por quê? Porque muitas impressões chegaram a nós, a nosso interior, e nunca as transformamos.

O resultado mecânico de tais impressões, pois, foi a ira, foram os eus que ainda existem, que vivem em nossa psique, e que constantemente, pois, nos fazem sentir coragem.

A cobiça: indubitavelmente, muitas coisas despertaram em nós a cobiça; o dinheiro, as joias, as coisas materiais de todo tipo etc. Esses objetos chegaram a nós na forma de impressões.

Nós cometemos o erro de não haver transformado essas impressões, por exemplo, em outra coisas diferente: em uma admiração pela beleza, ou em altruísmo, ou em alegria pelo proprietário de tais ou quais coisas, enfim… e aí? Pois que tais impressões não transformadas, naturalmente, se converteram em eus de cobiça que agora carregamos em nosso interior.

No caso da luxúria, já disse que distintas formas de luxúria nos ferem na forma de impressões, e surgem, no interior de nossa mente, imagens digamos de tipo erótico, cuja reação foi a luxúria.

Como queira que então não transformamos essas ondas luxuriosas, essas vibrações luxuriosas, essas impressões, esse sentir luxurioso, esse erotismo malsão, ou não bem entendido – porque bem entendido, eu já disse que o erotismo é saudável –, naturalmente que o resultado não se faz esperar: foi completamente mecânico, nasceram novos eus dentro de nossa psique, de tipo mórbido, é claro.

Assim, hoje em dia nos cabe trabalhar sobre as impressões de ira, de luxúria, de inveja, de orgulho, de preguiças, de gula etc., (e outras tantas coisas). Também temos dentro os resultados mecânicos de tais impressões: feixes de eus briguentos e gritões que agora necessitamos compreender e ELIMINAR

Todo o trabalho de nossa vida versa, pois, em saber transformar as impressões e também em saber eliminar, digamos, os resultados mecânicos das impressões não transformadas no passado.

Estas são internas, são de dentro, são da mente. Se alguém, por exemplo, não faz uma modificação de suas próprias impressões internas, o resultado mecânico não se deixa esperar: é o “nascimento de novos eus” que vêm escravizar ainda mais nossa Essência, nossa Consciência; que vêm intensificar o sono em que vivemos.

Quando se compreende que realmente tudo o que existe dentro de si mesmo (com relação ao mundo físico) não são mais que impressões, compreende também a necessidade de transformar essas impressões, e ao fazê-lo, produz-se uma transformação total de si mesmo.

Não há coisa que mais doa, por exemplo, do que a calúnia ou as palavras de um insultador. Porém, se a pessoa for capaz de transformar as impressões que são produzidas em alguém tais palavras, estas ficam então como um cheque sem fundo.

Certamente, as palavras de um insultador não têm mais valor que o que lhe dá o insultado. Se o insultado não dá valor a essas palavras, as mesmas ficam se valor.

Quando se compreende isso, transforma então as impressões de tais palavras, por exemplo, em algo distinto: em amor, em compaixão pelo insultador e isso naturalmente significa TRANSFORMAÇÃO.

Assim, então, necessitamos estar transformando incessantemente as impressões, não só as presentes, mas também as passadas. Dentro de nós existem muitas impressões – que cometemos o erro, no passado, de não haver transformado – e muitos resultados mecânicos das mesmas, que são os tais eus que agora há que se desintegrar, aniquilar, a fim de que a Consciência fique livre e desperta.

Quero que vocês reflitam profundamente no que estou dizendo: as coisas, as pessoas, não são mais que impressões dentro de vocês, dentro de sua mente. Se transformam essas impressões, transforma-se a vida de vocês.

Quando há, por exemplo, orgulho, isso tem por base a ignorância. De que se pode sentir orgulho uma pessoa? De sua posição social, de seu dinheiro ou do quê? Porém, se a pessoa, por exemplo, pensa que sua posição social é uma questão meramente mental, é uma série de impressões que chegaram à sua mente, impressões sobre seu estado social ou seu dinheiro.

Quando pensa que tal estado não é mais que uma questão mental, ou quando analisa a questão do dinheiro e se dá conta de que isso só existe na mente, na forma de impressões, as impressões que o dinheiro produz, é claro.

Se analisamos isso a fundo, se compreendemos realmente que o dinheiro e a posição social, e ademais não são mais que impressões internas da mente, pelo fato de compreender que são somente impressões da mente, há transformação das mesmas. Então, o orgulho por si mesmo cai, se colapsa, e nasce de forma natural, em nós, a humildade.

Continuando com esses processos de transformação das impressões, direi algo mais. Por exemplo, a imagem de uma mulher luxuriosa chega à mente, surge na mente. Tal imagem é uma impressão, obviamente. Poderíamos transformar essa impressão luxuriosa mediante a compreensão. Bastaria com que pensássemos em que a citada imagem é perecível, em que essa beleza é, portanto, ilusória.

Se nos lembrarmos por alguns instantes de que essa mulher vai morrer e que seu corpo se tornará pó no cemitério; se com a imaginação víssemos seu corpo em estado de desintegração, dentro da sepultura, isso seria mais que suficiente como para transformar essa impressão luxuriosa em Castidade. Assim, transformando-a, não surgiriam na psique mais eus de luxúria. Então, convém que mediante a compreensão transformemos as impressões que surgem na mente.

Ali, tudo, em nossa mente, não é mais que impressão, e isso é tudo. Impressões de um mundo que chamamos “exterior”, porém, realmente não é tão exterior como se pensa. Convém, então, que todos nós transformemos as impressões mediante a compreensão.

Outro exemplo: se alguém nos adula. Como transformaríamos a Vaidade que tal adulador poderia provocar em nós? Obviamente, os louvores, as adulações, não são mais que impressões que chegam à mente, e esta reage na forma de vaidade, porém se se transformam tais impressões, a vaidade se faz impossível.

Como se transformar, pois, as palavras de um adulador, essas impressões de louvores, de que forma? Mediante a Compreensão! Quando se compreende realmente que não se é mais que uma infinitesimal criatura em um rincão do universo, de fato transforma, pois, tais impressões de louvor ou de lisonja, em algo distinto.

Converte tais impressões, digamos, no que são: pó, poeira cósmica, porque compreende sua própria posição.

Logo, se não trabalhamos sobre o interior, iremos pelo caminho do erro, porque não modificaríamos então nossa vida. Se quisermos ser distintos necessitamos nos transformar integralmente, e se quisermos nos transformar, devemos começar por transformar as impressões.



 

Transcrição de Conferência de Samael Aun Weor

In: https://gnosisbrasil.com/artigos/psicologia/transformacao-das-impressoes/


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