domingo, 15 de março de 2020

O Livro do Homem - OSHO

A libertação dos homens não aconteceu ainda. Não apenas as mulheres, mas os homens também precisam de um grande movimento de libertação, uma libertação do passado, desde a escravidão dos valores que negam a vida e dos condicionamentos sociais que foram impostos à humanidade por todas as religiões há milhares de anos. Os padres e os políticos causaram uma tremenda divisão no homem. Criaram um homem com sentimento de culpa que é alienado de si mesmo, que luta contra um conflito interno permanente que permeia todas as áreas de sua vida, ou seja, um conflito entre o corpo e a alma, a matéria e o espírito, o materialismo e o espiritualismo, a ciência e a religião, o homem e a mulher, o Oeste e o Leste e assim por diante. A vida pode ser vivida de duas maneiras: seja como um cálculo, no campo da ciência, da tecnologia, da matemática, da economia; seja como poesia: no campo da arte, da música, da beleza, do amor. Desde a infância, todo homem é condicionado a se comportar e a sobreviver nesse mundo competitivo e orientado para a eficiência. Ele se une à luta e à corrida ambiciosa por dinheiro, sucesso, fama, poder, respeitabilidade e status social. Ainda criança, já aprende a adotar os objetivos e os valores dos pais e professores, padres e políticos, e todos os interesses institucionais, sem nunca questioná-los. Assim, o indivíduo é desviado de sua verdadeira natureza, do eu original, e perde a capacidade da alegria espontânea, da inocência infantil e da criatividade brincalhona. É reprimido em seu potencial criativo, em sua capacidade de amar, em sua vontade de gargalhar, em sua paixão pela vida, dentre outras coisas. O modo como é educado pela sociedade elimina a sensibilidade do corpo e dos sentidos e o torna insensível e morto. Perde o acesso às suas próprias qualidades femininas inatas de sentimento, gentileza, amor e intuição e se transforma em um robô eficiente orientado pela razão e sem sentimentos. A sociedade ensina o homem a se tornar um “homem forte”, que é sinônimo de suprimir suas qualidades femininas de suavidade e receptividade, amor e compaixão. Porém, todo homem tem também uma “mulher interior” dentro de si, a sua própria parte feminina inconsciente ou semiconsciente, que foi negada e reprimida por milhares de anos. Osho destaca uma terceira maneira de se viver a vida: com a meditação. O primeiro passo é reconhecer o poder transformador da meditação e da consciência de se tornar um indivíduo maduro e completo. A meditação é o catalisador que coloca em ação o processo de crescimento interno e o acelera. A meditação faz do homem um conjunto integrado, ao criar um equilíbrio entre suas partes masculina e feminina. Ensina a viver e a desfrutar a vida em sua multidimensionalidade, em um equilíbrio saudável entre o corpo, a mente e a alma, entre a matéria e o espírito, entre o mundo exterior e o interior. O homem de hoje vive uma profunda crise. Tendo em vista a crise global que ameaça o planeta no limiar do terceiro milênio, surge a pergunta: “E agora, Adão?” Os limites de crescimento foram alcançados há muito tempo, e a crença no progresso científico e social ilimitado foi fundamentalmente desvirtuada. Todas as revoluções exteriores falharam. Chegou a hora de uma revolução interior. A menos que o indivíduo comece a sair de seu comportamento mecânico semelhante a um robô e da inconsciência e comece a viver a vida com amorpróprio, consciência e um profundo respeito por sua verdadeira natureza, parece não haver chance alguma de o mundo poder escapar do suicídio global. “O homem precisa de uma nova psicologia para entender a si mesmo”, diz Osho, e a compreensão básica que precisa ser profundamente assimilada e experimentada é que “nenhum homem é apenas homem e que nenhuma mulher é apenas mulher, e que cada homem é tanto homem quanto mulher, da mesma forma que cada mulher é mulher e homem. Adão tem Eva nele, Eva tem Adão nela. Na verdade, ninguém é apenas Adão, assim como ninguém é apenas Eva. Somos Adões e Evas. Este é um dos maiores conhecimentos já alcançados”. Porém, ao ser condicionado a negar e a rejeitar suas qualidades femininas, o homem foi treinado para reprimir sua parte feminina interior, o que se reflete na repressão do elemento feminino no mundo exterior. A menos que comece a descobrir sua própria mulher interior, o homem estará preso a uma busca frustrante pelas qualidades femininas, que são inerentes à sua natureza, do lado de fora, na mulher exterior. Ele precisa reintegrar sua parte feminina, de modo a se tornar saudável e inteiro, ou seja, completo dentro de si mesmo. “Minha visão do novo homem é a de um rebelde, de um homem que está à procura de seu eu original, de sua face original. Um homem que está pronto para deixar cair todas as máscaras, todas as pretensões, todas as hipocrisias, e para mostrar ao mundo o que ele é na verdade. Se ele é amado ou condenado, respeitado, honrado ou desonrado, coroado ou crucificado, não importa, pois ser ele mesmo é a maior bênção que existe. Mesmo que seja crucificado, será crucificado feliz e completamente satisfeito. Um homem de verdade, um homem de sinceridade, um homem que sabe sobre o amor e que conhece a compaixão, e que compreende que as pessoas são cegas, inconscientes, entorpecidas, adormecidas espiritualmente.

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