A libertação dos homens não aconteceu ainda. Não apenas as
mulheres, mas os homens também precisam de um grande movimento de libertação,
uma libertação do passado, desde a escravidão dos valores que negam a vida e
dos condicionamentos sociais que foram impostos à humanidade por todas as
religiões há milhares de anos. Os padres e os políticos causaram uma tremenda
divisão no homem. Criaram um homem com sentimento de culpa que é alienado de si
mesmo, que luta contra um conflito interno permanente que permeia todas as
áreas de sua vida, ou seja, um conflito entre o corpo e a alma, a matéria e o
espírito, o materialismo e o espiritualismo, a ciência e a religião, o homem e
a mulher, o Oeste e o Leste e assim por diante. A vida pode ser vivida de duas
maneiras: seja como um cálculo, no campo da ciência, da tecnologia, da
matemática, da economia; seja como poesia: no campo da arte, da música, da beleza,
do amor. Desde a infância, todo homem é condicionado a se comportar e a
sobreviver nesse mundo competitivo e orientado para a eficiência. Ele se une à
luta e à corrida ambiciosa por dinheiro, sucesso, fama, poder, respeitabilidade
e status social. Ainda criança, já aprende a adotar os objetivos e os valores
dos pais e professores, padres e políticos, e todos os interesses
institucionais, sem nunca questioná-los. Assim, o indivíduo é desviado de sua
verdadeira natureza, do eu original, e perde a capacidade da alegria
espontânea, da inocência infantil e da criatividade brincalhona. É reprimido em
seu potencial criativo, em sua capacidade de amar, em sua vontade de gargalhar,
em sua paixão pela vida, dentre outras coisas. O modo como é educado pela
sociedade elimina a sensibilidade do corpo e dos sentidos e o torna insensível
e morto. Perde o acesso às suas próprias qualidades femininas inatas de
sentimento, gentileza, amor e intuição e se transforma em um robô eficiente
orientado pela razão e sem sentimentos. A sociedade ensina o homem a se tornar
um “homem forte”, que é sinônimo de suprimir suas qualidades femininas de
suavidade e receptividade, amor e compaixão. Porém, todo homem tem também uma
“mulher interior” dentro de si, a sua própria parte feminina inconsciente ou
semiconsciente, que foi negada e reprimida por milhares de anos. Osho destaca
uma terceira maneira de se viver a vida: com a meditação. O primeiro passo é
reconhecer o poder transformador da meditação e da consciência de se tornar um
indivíduo maduro e completo. A meditação é o catalisador que coloca em ação o
processo de crescimento interno e o acelera. A meditação faz do homem um
conjunto integrado, ao criar um equilíbrio entre suas partes masculina e
feminina. Ensina a viver e a desfrutar a vida em sua multidimensionalidade, em
um equilíbrio saudável entre o corpo, a mente e a alma, entre a matéria e o
espírito, entre o mundo exterior e o interior. O homem de hoje vive uma
profunda crise. Tendo em vista a crise global que ameaça o planeta no limiar do
terceiro milênio, surge a pergunta: “E agora, Adão?” Os limites de crescimento
foram alcançados há muito tempo, e a crença no progresso científico e social
ilimitado foi fundamentalmente desvirtuada. Todas as revoluções exteriores
falharam. Chegou a hora de uma revolução interior. A menos que o indivíduo
comece a sair de seu comportamento mecânico semelhante a um robô e da
inconsciência e comece a viver a vida com amorpróprio, consciência e um
profundo respeito por sua verdadeira natureza, parece não haver chance alguma
de o mundo poder escapar do suicídio global. “O homem precisa de uma nova
psicologia para entender a si mesmo”, diz Osho, e a compreensão básica que
precisa ser profundamente assimilada e experimentada é que “nenhum homem é
apenas homem e que nenhuma mulher é apenas mulher, e que cada homem é tanto
homem quanto mulher, da mesma forma que cada mulher é mulher e homem. Adão tem
Eva nele, Eva tem Adão nela. Na verdade, ninguém é apenas Adão, assim como
ninguém é apenas Eva. Somos Adões e Evas. Este é um dos maiores conhecimentos
já alcançados”. Porém, ao ser condicionado a negar e a rejeitar suas qualidades
femininas, o homem foi treinado para reprimir sua parte feminina interior, o
que se reflete na repressão do elemento feminino no mundo exterior. A menos que
comece a descobrir sua própria mulher interior, o homem estará preso a uma
busca frustrante pelas qualidades femininas, que são inerentes à sua natureza,
do lado de fora, na mulher exterior. Ele precisa reintegrar sua parte feminina,
de modo a se tornar saudável e inteiro, ou seja, completo dentro de si mesmo.
“Minha visão do novo homem é a de um rebelde, de um homem que está à procura de
seu eu original, de sua face original. Um homem que está pronto para deixar
cair todas as máscaras, todas as pretensões, todas as hipocrisias, e para
mostrar ao mundo o que ele é na verdade. Se ele é amado ou condenado,
respeitado, honrado ou desonrado, coroado ou crucificado, não importa, pois ser
ele mesmo é a maior bênção que existe. Mesmo que seja crucificado, será
crucificado feliz e completamente satisfeito. Um homem de verdade, um homem de
sinceridade, um homem que sabe sobre o amor e que conhece a compaixão, e que
compreende que as pessoas são cegas, inconscientes, entorpecidas, adormecidas espiritualmente.
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