domingo, 31 de maio de 2020

O resgate da intuição como iniciação





"A intuição é o tesouro da psique da mulher. Ela é como um instrumento de adivinhação, como um cristal através do qual se pode ver com uma visão interior excepcional. Ela é como uma velha sábia que está sempre com você, que lhe diz exatamente qual é o problema, que lhe diz exatamente se você deve virar à esquerda ou à direita. Ela é uma forma de velha La Que Sabe, Daquela Que Sabe, da Mulher Selvagem.
(…)
A intuição é transmitida de pai para filho da forma mais simples. “Você tem um bom raciocínio. O que você acha que está por trás disso tudo?” Em vez de definir a intuição como alguma peculiaridade irracional e censurável, ela é definida como a fala da verdadeira voz da alma. A intuição prevê a direção mais benéfica a seguir. Ela se autopreserva, capta os motivos e intenções subjacentes e opta pelo que irá provocar o mínimo de fragmentação na psique.
(… )
Como o lobo, a intuição tem garras que abrem as coisas e as sujeitam; ela tem olhos que enxergam através dos escudos da persona; ela tem ouvidos que ouvem sons fora da capacidade de audição do ser humano. Com essas espantosas ferramentas psíquicas, a mulher assume uma consciência animal astuta e até mesmo premonitória, que aprofunda sua feminilidade e aguça sua capacidade de se movimentar com confiança no mundo exterior.
(…)
O rompimento do vínculo entre a mulher e sua intuição selvagem é muitas vezes encarado erroneamente como se a própria intuição é que estivesse destruída. Não é o que ocorre. Não foi a intuição que se partiu, mas, sim, a bênção matrilinear da intuição, a transmissão da confiança intuitiva de todas as mulheres de uma linhagem, que já se foram, para aquela mulher específica — é esse longo rio de antepassadas que foi represado. A compreensão da mulher da sua sabedoria intuitiva pode ser fraca em conseqüência do rompimento, mas com exercício ela poderá se restaurar e se manifestar em sua plenitude.
(…)
Se a psique instintiva disser “Cuidado!”, a mulher deve prestar atenção. Se a intuição profunda disser “Faça isso, faça aquilo, vá por esse lado, pare aqui, siga em frente”, a mulher deverá corrigir seus planos conforme seja necessário. A intuição não é para ser consultada uma vez e depois esquecida. Ela não é descartável. Ela deve ser consultada a cada passo do caminho, quer o trabalho da mulher seja o de  enfrentar um demônio interior, quer seja o de completar alguma tarefa no mundo externo."
 In: "Mulheres que correm com os Lobos", Clarissa Pinkola Estes

sexta-feira, 27 de março de 2020

Somos co-creadores


"Aqui todos são Deuses. Todos sabem, menos vocês." 
Todos temos capacidade co-criativa na materialidade.

Com a ajuda da nossa Mãe Divina, a energia Kundalini, podemos usar a nossa vontade consciente e criativa para delinear o futuro. 
Em capacidade latente, somos Deuses, homem e mulher podem ser Deus e Deusa.
 É possível alcançar essa capacidade em união sexual com nosso complemento. Segundo Samael Aun Weor, Deus como Pai é sabedoria, Deus como Mãe é Amor.

Temos o Universo dentro de nós. Podemos alterar as circunstâncias do desenrolar da sociedade. Não fazendo o que nós queremos mas o que Deus quer. Devemos para isso usar a nossa imaginação.
"Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce."


Reencarnação e vidas passadas, o que é afinal?


Actualmente cerca de dois terços da população na Terra crê na reencarnação sendo, contudo, os países ocidentais quem mais a desconhece.

Segundo antigos manuscritos, a crença na sobrevivência da alma depois da morte do corpo teve origem há 4000 anos no norte da Índia, outras fontes dizem ter mais de 30 000 anos. A partir daí ter-se-á espalhado por toda a Ásia, Egipto, Grécia, Pérsia e China. Adeptos da reencarnação são também algumas tribos índias da América do Norte e alguns povos da América do Sul.

Foram inúmeros os defensores da reencarnação ao longo dos séculos, prolongando-se até ao presente. Entre eles Pitágoras, Platão, Giordano Bruno, Leonardo Da Vinci, Hahnemann, Antonie Mesmer, Voltaire, Benjamin Franklin, Kant, Allan Kardec, Henry Ford, Thomas Edison, o Dalai Lama e muitos outros. Na Europa do passado este foi um dos conceitos reservados apenas aos iniciados, pois a partir do Concílio de Constantinopla em 553 d. C, a Igreja Católica suprimiu por completo esta doutrina eliminando mesmo partes da Bíblia referentes à reencarnação. Foi imposto um regime de opressão durante dezoito séculos, pelo facto de que com a crença na reencarnação e ideias elevadas, a morte deixava de ser um motivo de terror e isso era um risco para o poder da Igreja. Criaram-se Dogmas que geraram obscuridade sobre os problemas da vida, provocando a dominação, ignorância, apatia e graves impedimentos à autonomia da razão humana e ao desenvolvimento espiritual da humanidade.

Em 1945 foram encontrados pergaminhos com evangelhos gnósticos comprovando a crença na reencarnação dos primeiros judeus e cristãos.

Aristóteles, inicialmente seguidor da filosofia de Platão começa uma era de cepticismo materialista, que influenciou a medicina e o pensamento até ao presente. No século XXI a reencarnação e outros fenómenos ainda não são aceites pela ciência por falta de provas. Porém, cada vez mais investigadores têm vindo a interessar-se pelo assunto e a comprová-la cientificamente, como o caso de Ian Stevenson, Denis Kelsey, Helen Wambach, Edith Fiore, Brian Weiss e muitos outros.
O fenómeno da reencarnação está incluído na metapsíquica, parapsicologia, na psiquiatria e psicologia. Estudos científicos feitos admitem a comprovação da reencarnação considerando a relação do Modelo Organizador Biológico (MOB) com sistemas orgânicos. A investigação da existência do campo biomagnético poderá ser a primeira etapa no intuito de validar ou não a hipótese do MOB. Só agora a ciência tem concebido a correspondência entre a antiga filosofia hindu e as modernas teorias da física quântica, que podem explicar a reencarnação, fenómenos parasicológicos, a existência de universos paralelos e dimensões alternativas de realidade. Podem ser explicados alguns factos pela Teoria: a lembrança espontânea de vidas passadas, principalmente em crianças; memórias legítimas e emoções vivenciadas nas lembranças de vidas passadas estando a pessoa em estado alterado de consciência; curas de traumas psicológicos e doenças psicossomáticas usando a Terapia de Vidas Passadas e o fenómeno onde se reconhece detalhes de lugares onde nunca se esteve.

Na Terapia de Vidas Passadas o método mais utilizado é a hipnose, que deve ser utilizada como instrumento terapêutico por profissionais da área da saúde mental com a formação académica adequada e jamais deve ser utilizada por curiosidade. Este método utiliza a regressão de memória, que permite ao paciente superficializar ao seu consciente, acontecimentos traumáticos do passado recente ou remoto, que estavam arquivados ou bloqueados no inconsciente gerando distúrbios psicológicos ou problemas físicos. Deve-se ter especial consideração pelo aspecto ético, após a lembrança do erro cometido é necessário fazer o paciente compreender que a lei do carma (lei de causa e efeito) exige a reparação do problema. O paciente deve desenvolver em si mesmo as mudanças de comportamento para o processo de recuperação, racionalizando o trauma.

A lei do carma é o principio central da lógica da reencarnação, trata-se de uma energia composta de pensamentos, palavras e acções, que quando positiva, regressa sob forma positiva, se provocou mal aos outros voltará como adversidades. Essa lei explica a razão para uma criança nascer rica, outra pobre, uma com saúde e outra com uma doença terminal, assim como outros males: fobias, complexos, dependências, obsessões, bloqueamentos, problemas com relacionamentos. A alma reencarna continuamente até concluir o seu ciclo evolutivo.
A nossa vida actual é o resultado da experiência de vidas anteriores, as marcas de nascença serão consequência de uma morte violenta numa vida anterior. Assim como os dons, isso explica porquê alguns génios começaram a compor desde crianças, a pintar, porquê uns têm mais facilidade em aprender línguas do que outros. As intuições rápidas, as ideias inatas, a predilecção por alguns lugares ou épocas, se interiorizarmos com atenção reencontramos nos gostos e tendências, pistas desse passado.
O mecanismo da reencarnação possibilita à Individualidade vencer as suas limitações e dominá-las, é um meio de buscar o auto-conhecimento de forma positiva. O objectivo final seria ascender a um nível superior de existência. Muito mais há para contar quanto a esta imensa área do conhecimento, mas para isso existe já documentação disponível a qualquer pessoa.
Apesar dos esforços e de esta ser uma era de conhecimento, muitos não compreendem ainda o que representa a reencarnação. Visto a natureza destes fenómenos não ser palpável, continua a ser exigida fundamentação científica consistente ou haverá alguma razão para a ciência querer esconder estes factos do conhecimento humano?

quarta-feira, 25 de março de 2020

A experiência humana


A origem da nossa alma é cósmica, todos os encarnados no planeta Terra têm uma origem comum que é a extraterrestre. A maioria não se recorda mas a nossa origem é estelar. A nossa verdadeira família de alma é de outro local do cosmos e de uma raça especifica. Como exemplo os Sirianos, Pleiadianos, Arturianos, com origem distintas, como Orion, Pleyades,etc.
Cada raça tem uma origem divina distinta e ideal de vida. Até que este seja influenciado por forças externas.
O motivo para que muitos tenham escolhido encarnar neste planeta, deve-se ao facto de permitir a experiência humana.
Como caraterísticas e aprendizado a evolução cósmica só permite ir até certo ponto. Os seres extraterrestres da linha da luz são conhecidos por serem benévolos, pacíficos. Muito mais regidos pela razão, do que pelas emoções.
A experiência terrena é muito mais profunda do que isso, surge a materialidade, a 3º dimensão, ter um corpo físico, os sentidos, a dualidade. E partir daí para a busca interior e espiritual de cada um rumo a um despertar cósmico.
Conhecido como um planeta em quarentena, como referido por Rodrigo Romo, estamos reencarnando à milhares de vidas presos no holograma "Terra".
A possibilidade de nascer num determinado país, raça, família, nível social, credo possibilitou-nos ao longo do tempo vivenciar inúmeras experiências. A dor, o medo, a fome, o frio, a tristeza, assim como a alegria, o êxtase, a bondade, o prazer, a generosidade, etc. Tudo isso enriquece o nosso ser, e ter uma consciência global faz relativizar as coisas. 
A experiência reencarnatória revela-nos que aquele a quem fizemos mal no passado, é alguém que amamos no presente. Causa e efeito sempre ocorrem durantes vidas seguidas, num ciclo sem fim. 
Importa aqui sobretudo dar destaque à inteligência emocional, aprender a pôr-se no lugar do outro e adivinhar as suas emoções. E com isso, agirmos em relação ao outro.
A experiência humana dá-nos aquilo que normalmente os extraterrestres têm em menor grau, as emoções. Esta seria também uma caraterística da 5º raça raiz, os latinos, a qual deveriam equilibrar com a razão (o tao).
Apesar de o corpo físico ser limitado, é uma porta para o divino, se souber ser usado. Todas estas experiências humanas não são mais do que aquilo que Jesus Cristo viveu quando veio à Terra à 2000 anos. 
O verdadeiro ensinamento de Jesus é que este foi um homem normal, que viveu as experiências na carne, comeu, bebeu, teve mulher. Além disso o seu percurso espiritual permitiu-lhe viajar por outras partes do mundo para se instruir, como na Índia e Egipto. Foi um iniciado do cristianismo gnóstico primitivo. Ensinou por parábolas aos discípulos o que até mesmo agora não pode ser ensinado abertamente ao público. Ensinamento esse, mais recentemente divulgado por Samael Aun Weor, e vastamente divulgado em livros, referindo-se ao "caminho do Cristo."
Assim, o que uns poucos fizerem, como referiu o escritor português Soham Jnana, será suficiente para salvar toda uma humanidade. (Pesquisem sobre a sua obra.)
Referindo-se, este à união entre homem e mulher.
A vivência máxima neste ou em qualquer outro planeta é sentir amor, em todas as suas vertentes, sendo a versão máxima, entre o casal. Um amor divino, que se torna incondicional e infinito, por tudo e todos.

Por isso temos que reaprender quem fomos enquanto seres estelares, mas também partilhar com os nossos irmãos do espaço aquilo que somos, com as nossas emoções.
O caminho do cristo implica ter o bem e o mal dentro de nós, dominar essa dualidade. Pois o ego serve para exprimirmo-nos por meio dele e seguir o caminho do meio. Estar no centro, centrados no chacra cardíaco, que é o caminho do amor . Seguir a intuição.
Estar tranquilos diante de qualquer situação.

quinta-feira, 19 de março de 2020

A mulher essência

"Há uma essência mulher. Digam o que disserem, há uma essência feminina que corresponde a um sentir e ser próprio das mulheres. Falo de uma essência inerente ao ser-se mulher em si e que se manifesta na mulher realizada, na mulher plena, como se fosse um perfume envolvente para quem tem esse sentido apurado. Sim a mulher tem uma essência que inebria, que entontece e magnetiza quem a sente e que raras mulheres hoje, demasiado masculinizadas, possuem. Este feminino essencial é uma força interior, que emana do centro e se expande, como uma aura que a cobre e irradia, como uma energia encantatória, que emana da Mulher como uma fragrância. Basta a presença dessa Mulher inteira para fazer expandir, à sua volta, esse perfume. E, é daí que advêm todas as místicas e mistérios associados à mulher. Essa mulher que, entretanto, desapareceu no mapa. Ela é rara... ela evaporou-se da face da Terra."

In: Lilith - A Mulher Primordial, Rosa Leonor Pedro, Zéfiro

Qualidades femeninas e masculinas



Como os homens condenaram a mulher, e tiveram que condenar para mantê-la sob controle, reduziram-na a uma categoria sub-humana. Que medo deve ter levado o homem a fazer isso? Pura paranóia. O homem se compara continuamente à mulher e acha que ela é superior. Por exemplo, ao fazer amor com uma mulher, o homem é muito inferior, porque pode ter apenas um orgasmo por vez, enquanto a mulher pode ter pelo menos meia dúzia, uma cadeia, ou seja, orgasmo múltiplo. O homem simplesmente se sente totalmente impotente. Ele não pode dar esses orgasmos para a mulher. E isso criou uma das coisas mais infelizes do mundo: como não pode ter um orgasmo múltiplo, o homem tenta não dar à mulher nem mesmo o primeiro orgasmo. O gosto pelo orgasmo pode vir a ser um perigo para ele. Se a mulher souber o que é orgasmo, vai, obrigatoriamente, ter consciência de que um orgasmo não é satisfatório e, pelo contrário, vai ficar mais sedenta. Mas o homem fica exausto e, portanto, para ludibriá-la, ele não deixa que a mulher saiba que qualquer coisa parecida com orgasmo existe no mundo. E o fato de a mulher não conhecer o orgasmo não significa que o homem esteja em uma posição melhor. Ao impedir o orgasmo da mulher, o homem tem que perder o próprio orgasmo também. Algo importante precisa ser entendido: a sexualidade do homem é local, limita-se aos genitais e a um centro de sexo no cérebro. No entanto, com a mulher, é diferente: sua sexualidade abrange todo o corpo. Todo o corpo da mulher é sensível, é erótico. O fato de a sexualidade do homem ser local, a área sensível é muito pequena. A sexualidade da mulher, ao contrário, tem uma área sensível bem grande. O homem chega ao orgasmo em poucos segundos, enquanto a mulher nem sequer passou da fase de aquecimento. O homem tem pressa, como se estivesse cumprindo uma obrigação para a qual é pago, e quer terminá-la rapidamente. Fazer amor é a mesma coisa. Eu me pergunto: por que, afinal, o homem se dá o trabalho de fazer amor? Ora, apenas dois ou três segundos e está acabado! A mulher estava se aquecendo e o homem já tinha concluído. Não que ele tenha atingido o orgasmo, pois a ejaculação não é orgasmo. O homem vira para o lado e vai dormir. E a mulher, por seu lado, não uma mulher, mas bilhões de mulheres estão derramando lágrimas depois que os homens fizeram amor com elas, porque foram deixadas em um limbo. Os homens as encorajam e, antes que as mulheres possam chegar a uma conclusão, o homem está fora do jogo. Mas o fato de o homem terminar rapidamente tem por trás uma história muito significante, e é para ela que estou conduzindo o leitor. Ao não permitir à mulher o primeiro orgasmo, o homem tem que aprender a terminar o mais rápido possível. Com isso, a mulher perde algo extremamente belo, algo sagrado na face da Terra, e o homem também. O orgasmo não é a única coisa em que a mulher é poderosa. Em qualquer lugar no mundo a mulher vive cinco anos a mais do que o homem, ou seja, a idade média dela é de cinco anos a mais. Isso significa que ela é mais resistente e tem mais energia. As mulheres ficam menos doentes do que os homens. As mulheres, mesmo que estejam doentes, curam-se mais rápido do que os homens. Estes são fatos científicos.
(…)
Amor, confiança, beleza, sinceridade, veracidade, autenticidade são todas qualidades femininas e são muito melhores do que qualquer qualidade que o homem tenha. No entanto, todo o passado foi dominado pelo homem e por suas qualidades. É natural que em tempos de guerra o amor não tenha utilidade, a verdade seja inútil, a beleza não sirva para nada, a sensibilidade estética seja imprestável. Na guerra, é necessário um coração que seja mais duro do que as pedras. Na guerra, é preciso simplesmente ter ódio, raiva e loucura para destruir. Durante 3 mil anos o homem lutou 5 mil guerras. Sim, isso também é força, mas não é digno dos seres humanos. Essa é a força derivada da herança animal do homem. Pertence ao passado, que se foi, e as qualidades femininas pertencem ao futuro, que está por vir. O que o homem precisa ganhar, a natureza deu à mulher como uma dádiva. O homem tem que aprender a amar. O homem tem que aprender a deixar o coração ser o mestre e a mente ser apenas um servidor obediente. O homem tem que aprender essas virtudes. A mulher as carrega com ela, e os homens condenam todas essas qualidades caracterizando-as como fraquezas. Mulheres são mulheres e homens são homens, não há dúvida em termos de comparação. Igualdade está fora de questão. Não são desiguais nem tampouco podem ser iguais. São únicos.
O homem não está em uma posição melhor do que a mulher, no que diz respeito à experiência religiosa. Porém, ele tem uma qualidade: é a do guerreiro. Depois de obtido um desafio, o homem é capaz de desenvolver qualquer tipo de qualidade. Até mesmo as femininas ele é capaz de desenvolver melhor do que qualquer mulher. Seu espírito de luta equilibra as coisas. As mulheres nascem com essas qualidades. O homem precisa apenas ser estimulado, ser desafiado, pois essas qualidades não lhe foram dadas e, portanto, ele tem que adquiri-las. E se homens e mulheres puderem ambos se nutrir dessas qualidades, não está longe o dia em que serão capazes de transformar esse mundo em um paraíso. Eu gostaria que o mundo inteiro se enchesse de qualidades femininas. As guerras desapareceriam. O casamento e as nações desapareceriam. E apenas assim teríamos um mundo: um mundo de amor, de paz, de sossego e repleto de beleza. No entanto, quando digo que o homem tem que desenvolver as qualidades femininas, não quero dizer que ele tem que imitar as mulheres.
In: O Livro do Homem - Osho

domingo, 15 de março de 2020

Love - A Sacred Experience - OSHO


In: https://www.osho.com/videos/making-love-sacred-experience

O Livro do Homem - OSHO

A libertação dos homens não aconteceu ainda. Não apenas as mulheres, mas os homens também precisam de um grande movimento de libertação, uma libertação do passado, desde a escravidão dos valores que negam a vida e dos condicionamentos sociais que foram impostos à humanidade por todas as religiões há milhares de anos. Os padres e os políticos causaram uma tremenda divisão no homem. Criaram um homem com sentimento de culpa que é alienado de si mesmo, que luta contra um conflito interno permanente que permeia todas as áreas de sua vida, ou seja, um conflito entre o corpo e a alma, a matéria e o espírito, o materialismo e o espiritualismo, a ciência e a religião, o homem e a mulher, o Oeste e o Leste e assim por diante. A vida pode ser vivida de duas maneiras: seja como um cálculo, no campo da ciência, da tecnologia, da matemática, da economia; seja como poesia: no campo da arte, da música, da beleza, do amor. Desde a infância, todo homem é condicionado a se comportar e a sobreviver nesse mundo competitivo e orientado para a eficiência. Ele se une à luta e à corrida ambiciosa por dinheiro, sucesso, fama, poder, respeitabilidade e status social. Ainda criança, já aprende a adotar os objetivos e os valores dos pais e professores, padres e políticos, e todos os interesses institucionais, sem nunca questioná-los. Assim, o indivíduo é desviado de sua verdadeira natureza, do eu original, e perde a capacidade da alegria espontânea, da inocência infantil e da criatividade brincalhona. É reprimido em seu potencial criativo, em sua capacidade de amar, em sua vontade de gargalhar, em sua paixão pela vida, dentre outras coisas. O modo como é educado pela sociedade elimina a sensibilidade do corpo e dos sentidos e o torna insensível e morto. Perde o acesso às suas próprias qualidades femininas inatas de sentimento, gentileza, amor e intuição e se transforma em um robô eficiente orientado pela razão e sem sentimentos. A sociedade ensina o homem a se tornar um “homem forte”, que é sinônimo de suprimir suas qualidades femininas de suavidade e receptividade, amor e compaixão. Porém, todo homem tem também uma “mulher interior” dentro de si, a sua própria parte feminina inconsciente ou semiconsciente, que foi negada e reprimida por milhares de anos. Osho destaca uma terceira maneira de se viver a vida: com a meditação. O primeiro passo é reconhecer o poder transformador da meditação e da consciência de se tornar um indivíduo maduro e completo. A meditação é o catalisador que coloca em ação o processo de crescimento interno e o acelera. A meditação faz do homem um conjunto integrado, ao criar um equilíbrio entre suas partes masculina e feminina. Ensina a viver e a desfrutar a vida em sua multidimensionalidade, em um equilíbrio saudável entre o corpo, a mente e a alma, entre a matéria e o espírito, entre o mundo exterior e o interior. O homem de hoje vive uma profunda crise. Tendo em vista a crise global que ameaça o planeta no limiar do terceiro milênio, surge a pergunta: “E agora, Adão?” Os limites de crescimento foram alcançados há muito tempo, e a crença no progresso científico e social ilimitado foi fundamentalmente desvirtuada. Todas as revoluções exteriores falharam. Chegou a hora de uma revolução interior. A menos que o indivíduo comece a sair de seu comportamento mecânico semelhante a um robô e da inconsciência e comece a viver a vida com amorpróprio, consciência e um profundo respeito por sua verdadeira natureza, parece não haver chance alguma de o mundo poder escapar do suicídio global. “O homem precisa de uma nova psicologia para entender a si mesmo”, diz Osho, e a compreensão básica que precisa ser profundamente assimilada e experimentada é que “nenhum homem é apenas homem e que nenhuma mulher é apenas mulher, e que cada homem é tanto homem quanto mulher, da mesma forma que cada mulher é mulher e homem. Adão tem Eva nele, Eva tem Adão nela. Na verdade, ninguém é apenas Adão, assim como ninguém é apenas Eva. Somos Adões e Evas. Este é um dos maiores conhecimentos já alcançados”. Porém, ao ser condicionado a negar e a rejeitar suas qualidades femininas, o homem foi treinado para reprimir sua parte feminina interior, o que se reflete na repressão do elemento feminino no mundo exterior. A menos que comece a descobrir sua própria mulher interior, o homem estará preso a uma busca frustrante pelas qualidades femininas, que são inerentes à sua natureza, do lado de fora, na mulher exterior. Ele precisa reintegrar sua parte feminina, de modo a se tornar saudável e inteiro, ou seja, completo dentro de si mesmo. “Minha visão do novo homem é a de um rebelde, de um homem que está à procura de seu eu original, de sua face original. Um homem que está pronto para deixar cair todas as máscaras, todas as pretensões, todas as hipocrisias, e para mostrar ao mundo o que ele é na verdade. Se ele é amado ou condenado, respeitado, honrado ou desonrado, coroado ou crucificado, não importa, pois ser ele mesmo é a maior bênção que existe. Mesmo que seja crucificado, será crucificado feliz e completamente satisfeito. Um homem de verdade, um homem de sinceridade, um homem que sabe sobre o amor e que conhece a compaixão, e que compreende que as pessoas são cegas, inconscientes, entorpecidas, adormecidas espiritualmente.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Mantra para o coração e intuição


Deva Premal & Miten - Gayatri Mantra


Projeto CIEE - Clube de Inteligência Emocional na Escola


Quando uma pessoa se conhece e aprende a conhecer as suas emoções, lidando com elas de forma saudável e fluida, quando aprende a relaxar contornando factores de stress, quando aprende a mandar no seu corpo e a gerir o seu desempenho de forma a ser mais proficiente, atinge-se um bem-estar que permite viver a vida integralmente e com óptimos resultados.

Alargamento do Projecto CIEE

Ano Lectivo 2011/2012
A direcção do Projecto, em reunião realizada no dia 17 de Maio de 2010, na Escola

Básica de S. João da Madeira, definiu os critérios de alargamento do Projecto CIEE para o

ano lectivo de 2011/2012. Assim, vão ser tomadas iniciativas no sentido de:

Dar continuidade ao Projecto nas escolas envolvidas no presente ano lectivo.

Convidar as escolas dos distritos de Aveiro, Porto e Braga

Convidar escolas do ensino privado.

Convidar novos níveis de ensino do sistema educativo (pré-escolar e 1º ciclo do

ensino básico).

 Integrar as IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) do concelho

de Oliveira de Azeméis.

 Criação de clubes para os pais e encarregados de educação.

Criação de clubes para professores.

O “Projecto CIEE - Clube Inteligência Emocional na Escola”, é um projecto que
tem por objectivo promover a inteligência emocional através da educação e
desenvolvimento de competências emocionais e, assim, munir os alunos de
ferramentas que lhes permitam viver de uma forma mais saudável, mais alegre e
mais feliz, diminuindo os comportamentos de risco e contribuindo para melhores
resultados na escola, na vida familiar e em sociedade. Pretende-se que este
trabalho se alargue ao maior número de escolas portuguesas, e que o Clube de
Inteligência Emocional chegue a alunos de diversos níveis de ensino público e privado,
e que, a pouco e pouco, se torne um projecto a nível nacional.

Nascido na defesa da Tese de Doutoramento da Professora Doutora Manuela Queirós,
quando um examinador lhe diz: “espero que esse óptimo trabalho não seja para ficar na
gaveta”, toma corpo pela primeira vez, no ano lectivo 2005/2006, na Escola EB2/3 de
S. João da Madeira onde esta docente exerce as funções de professora.

Esta docente, desenvolveu ao longo de um ano lectivo um trabalho no âmbito do ensino
da Inteligência Emocional, com alunos de várias turmas do 5º e 6º ano de escolaridade, no
qual utilizou técnicas ancestrais aliadas às mais recentes descobertas de, por exemplo,
Doutor António Damásio. Baseada nos ensinamentos e experiências de Peter Salovey,
John Mayer, a ainda David Caruso, seus grandes mestres e precursores da Inteligência
Emocional, posteriormente trazida ao grande público por Daniel Goleman, esta
professora muniu os seus alunos de ferramentas interiores que lhes permitiram chamar
ao Clube que frequentavam o lugar onde se “aprende a ser feliz”, tais foram as diferenças
e a evolução que se operaram nas suas vidas.

Alentada pelos magníficos resultados obtidos, sentiu que este trabalho podia ser
estendido a muitos mais alunos, e que poderia alargar o seu âmbito de acção e formar
professores e psicólogos que em parceria levassem este saber a outras escolas e a
um maior número de alunos. Como boa portuguesa “meteu as mãos na massa” e encetou,
com todo o entusiasmo, um trabalho que está no terreno desde o início do presente ano
lectivo e a dar os seus frutos.
Assim, nasceu o "Programa MQ - Aprender a Ser
Feliz (reg. nº 4693/2010)" da autoria desta docente, e que é um programa específico
de treino das habilidades emocionais que compõem a inteligência emocional:
percepção e expressão emocional, compreensão emocional e regulação emocional, em si
próprio e nos outros. Com este material por base, todos os envovidos têm um fio condutor
comum e formas de trabalhar unissonas que dão segurança e força a todas as tarefas a
realizar e que, no próximo ano lectivo, vão levar a que os resultados com os alunos
sejam avaliados por investigadores em doutoramento.
São doze as escolas da DREN e da DREC que, neste momento, já têm o seu Clube de
Inteligência Emocional a funcionar em pleno estando envolvidos 18 professores, 11
psicólogos e cerca de 300 alunos, do segundo ciclo ao ensino secundário. Os jovens têm
um bloco de 90 minutos semanal durante o qual adquirem ferramentas que lhes
possibilitam conhecer-se melhor si próprios, lidar de forma saudável com as suas
emoções (percebem o que se passa com eles e regulam os seus procedimentos), rir,
meditar e aprender que, afinal, ter uma vida mais feliz só depende de cada um e do
conhecimento que cada um tem de si próprio, ou seja, de como funciona, usando a
analogia informática, o seu software e hardware – emoções, sensações, sentimentos e o
seu cérebro.
Todo este trabalho resulta num maior e melhor bem-estar na escola, numa redução
enorme do barulho e da violência, numa diminuição da dor face ao stress e aos
problemas diários, numa maior auto-estima e em resultados escolares muito positivos.
O Projecto CIEE conta com comissões que lhe dão todo o apoio e credibilidade: Comissão
Científica da qual fazem parte nomes de reconhecido gabarito, quer nacionais quer
estrangeiros, no âmbito do ensino, psicologia e estudo da inteligência emocional e
Comissão Técnica que se encarrega de por todo o trabalho no terreno e a funcionar em
pleno.
Há ainda Equipas especializadas: Equipa de Investigação, Equipa de Directores de
Escolas envolvidas; Equipa de Comunicação; Equipas de Professores e Psicólogos e ainda
Equipa da Associação de Pais.
Todo este trabalho conta com o apoio prestimoso da CONFAP – Confederação das
Associações de Pais, na pessoa do seu Director, Dr. Albino Almeida e dos seus
assessores que desde a primeira hora se uniram a este sonho que agora se vai tornando
realidade.
A DREN – Direcção Regional de Educação do Norte apadrinha, também, este Projecto,
estando agendada para muito brevemente a assinatura, em cerimónia pública, dos
Protocolos com as Escolas onde o Clube Inteligência Emocional na Escola se encontra a
funcionar.




Site: http://inteligenciaemocionalnaescola.org/
In: https://sites.google.com/site/inteligenciaemocionalnaescola/

A Escola da Ponte, inspirada no modelo democratico e matricial


“As crianças que sabem ensinam as crianças que não sabem. Isso não é exceção. É a rotina do dia a dia. A aprendizagem e o ensino são um empreendimento comunitário, uma expressão de solidariedade. Mais que aprender saberes, as crianças estão a aprender valores. A ética perpassa silenciosamente, sem explicações, as relações naquela sala imensa.” Foi assim que o educador Rubem Alves resumiu uma de suas muitas surpresas com a Escola da Ponte, uma instituição pública de Portugal que, desde 1976, compreende que o percurso educativo de cada estudante supõe um conhecimento cada vez mais aprofundado de si próprio e um relacionamento solidário com os outros.

Inserida no sistema público de educação e localizada no município de Santo Tirso (próximo à cidade do Porto), a Escola da Ponte não adota um modelo de séries ou ciclos. Lá, os estudantes de diferentes idades se organizam a partir de interesses comuns para desenvolver projetos de pesquisa. Os grupos se formam e se desfazem de acordo com os temas e a partir das relações afetivas que os estudantes estabelecem entre si.

Organização pedagógica

O processo individual de cada estudante passa por três núcleos distintos: o de iniciação, consolidação e aprofundamento. Na iniciação, ele é tutorado com maior frequência e passa a aprender as regras de convívio coletivo e os compromissos que assume com os demais e com o seu próprio processo de aprendizagem. Na consolidação, a necessidade de acompanhamento diminui, o estudante assume maior trânsito nos espaços e tempos da escola e passa a gerir de forma autônoma o currículo nacional destinado ao 1º ciclo do ensino básico. No núcleo de aprofundamento, as crianças e adolescentes assumem um comportamento bastante autônomo, participam do gerenciamento das suas atividades e de atividades do coletivo e assumem o estudo do currículo nacional do 2º ciclo.

Em vez de um único professor, os estudantes acessam todos os orientadores educativos, que os acompanham tanto nas questões de aprendizagem acadêmicas quanto comportamentais. Em vez de disciplinas, o projeto pedagógico é dividido por seis dimensões, apoiadas por docentes e pedagogos e psicólogos: linguística (Língua Portuguesa, Inglesa, Francesa e Alemã), lógico-matemática (Matemática), naturalista (Estudo do Meio, Ciências da Natureza, Ciências Naturais, Físico-Química e Geografia), identitária (Estudo do Meio, História e Geografia de Portugal e História), artística (Expressão Musical, Dramática, Plástica e Motora, Educação Física, Educação Visual e Tecnológica – E.V.T., Educação Musical, Educação Visual, Educação Tecnológica e T.I.C.), pessoal e social (Formação Pessoal, Ensino Especial e Psicologia).

Cada estudante escolhe ainda um tutor, qualquer indivíduo da comunidade escolar – funcionários, professores, pais -, que será responsável por orientá-lo no percurso pedagógico que ele estabelece para si mesmo.  Dessa forma, o aluno e seu tutor avaliam juntos como foi o processo de aprendizagem, se os objetivos foram alcançados, se ficou alguma dúvida e se a criança ou o adolescente está satisfeito com o que alcançou. No lugar de provas, o tutor e estudante estabelecem que mecanismo utilizarão para aferir a satisfação e se o conteúdo foi assimilado, em um processo bastante dialógico e em si educativo.

Segundo o projeto educativo, a escola tem como pedagogia o “Fazer a Ponte”, que visa a formação de pessoas autônomas, responsáveis, solidárias, mais cultas e democraticamente comprometidas na construção de um destino coletivo e de um projeto de sociedade que potencialize a afirmação das mais nobres e elevadas qualidades de cada ser humano.

Para tanto, a Escola da Ponte integra e corresponsabiliza todos os envolvidos da comunidade escolar na sua construção – o indivíduo se faz no coletivo e o coletivo se alimenta da singularidade de cada um.

Diversidade e currículo


Diverso, o público da escola reúne estudantes de diferentes classes sociais e muitos pais, inclusive, mudaram-se de outras regiões do país só para possibilitar aos filhos a chance de estudar na instituição. Da mesma forma, crianças e adolescentes com deficiências estudam no mesmo processo que os demais: participam dos grupos, vivenciam os processos de planejamento e autoavaliação e discutem as regras da comunidade.

Para tanto, a escola se fortalece em sua pedagogia, reconhecendo cada estudante como único e irrepetível, igualmente integrante de uma cultura, origem e estrutura familiar singulares.  Assim, a Escola da Ponte entende que o papel do docente, da comunidade escolar e dos estudantes é apoiar que cada indivíduo se descubra e se conheça, a partir da interação com os outros, com os diferentes. E, essa mesma descoberta é o que motiva o próprio desejo de aprendizagem.

Estudantes em assembleia. Foto: Divulgação
Estudantes em assembleia. Foto: Divulgação

Portanto, a ideia de currículo se estabelece de forma muito individual para cada estudante, em diálogo com o que ele – em sua unicidade – deseja descobrir sobre o outro e sobre o mundo em sua volta. Assim, a escola assume o currículo em uma dupla proposição: o currículo objetivo, que norteia e metrifica um horizonte de realização e o currículo subjetivo, que se estrutura no desenvolvimento pessoal, do projeto de vida de cada estudante. Para a pedagogia do “Fazer a Ponte”, só o currículo subjetivo (o conjunto de aquisições de cada aluno) é capaz de validar a pertinência e o sentido do currículo objetivo.

No processo de alfabetização, as crianças são convidadas a aprender “frases inteiras”, superando a lógica do beabá e da cartilha. Inspirados por Paulo Freire e pelo educador francês Célestin Freinet, a escola convida os estudantes a lerem por desejo, pela vontade de decifrar o código das palavras. Convidadas por histórias ou perguntas disparadoras, as crianças desenvolvem de forma autônoma a capacidade da escrita e leitura, cada qual no seu tempo, e no seu próprio ritmo de aprendizagem.

E, para viabilizar esse e todos os processos de investigação autônoma, os estudantes têm acesso a diferentes locus de aprendizagem e estudo, como na biblioteca – principal espaço da escola -, e nos computadores e internet. Da mesma forma, os estudantes gerem esses espaços de forma autônoma e decidem onde e como devem buscar a informação que precisam. Muitas vezes, quando a informação não está na escola, os estudantes são convidados a sair e investigar, em parceria com seus tutores, outras possibilidades e sua comunidade. Vão às bibliotecas públicas, às casas dos vizinhos, aos parques e praças da cidade – em qualquer lugar em que possam encontrar o aprendizado que desejam.

Na prática

Em uma atividade em novembro de 2013, um grupo de crianças do núcleo de iniciação Escola da Ponte decidiu investigar como funcionam os sinais de trânsito, para estudar o tema de segurança rodoviária. Depois da pesquisa inicial, saíram todos às ruas para ver “na prática” o que cada uma das placas significa. Como produto, o grupo desenvolveu e jogou um jogo da memória com os símbolos recém descobertos e como tarefa de casa, os estudantes tiveram que ajudar seus familiares e vizinhança a relembrar o significado de cada um deles.

Na mesma perspectiva, a escola disponibilizou um grande mural em que os estudantes podem escrever se precisam de ajuda e no que precisam. No espaço, os estudantes também podem contar no que podem colaborar ou ensinar aos demais. De “ensino violão” a “não entendi como se soma”, tudo é permitido – e mediado pelos próprios alunos, que aprendem, desde sempre, a acessar seus pares, sem medo de julgamento ou gozação.

Muito forte, a cultura colaborativa na escola também se faz entre os docentes. Como os editais e contratações são abertas, é normal o professor levar um tempo ou até não se adaptar ao modelo. No lugar de “preparar uma aula pronta”, o professor se cria a partir da necessidade dos estudantes e, com eles, investiga o tema a ser estudado.

Da mesma forma, os professores têm tempo e são valorizados como uma rede: apoiam-se uns nos outros para lidar com as dificuldades dos estudantes e investigar e propor ações coletivas, para toda a comunidade escolar. Festejos, campeonatos e saídas lúdicas e pedagógicas são bastante comuns e ocupam boa parte do calendário das crianças. Todas as datas, além de comemoradas, são investigadas: crianças e adolescentes estudam o porquê delas, qual o significado cultural da manifestação e constroem juntos a determinada celebração.

Grupo em pesquisa sobre trânsito na comunidade. Foto: Divulgação
Grupo em pesquisa sobre trânsito na comunidade. Foto: Divulgação

Decisões coletivas


Afim de garantir a autonomia como chave em todos os processos da escola, estudantes, pais, professores e funcionários participam de assembleias periódicas. Nas reuniões, que podem ser para discutir normas e regras coletivas ou a temática da festa de Natal, todos têm voz e podem se expressar e registrar seus apontamentos.

Os mais tímidos podem também acessar uma espécie de caixa de “segredos”, no qual deixam pedidos de ajuda, reclamações, vontades. A caixa é aberta e discutida no coletivo, sem expor aquele que escreveu a mensagem.

Para validar os processos e envolver a comunidade como um todo, a escola publica todos os documentos e realiza anualmente uma minuciosa autoavaliação, que se debruça sobre os profissionais, os estudantes e evolução da aprendizagem de cada um e sobre as decisões e processos democráticos. Com metodologia estruturada, a autoavaliação é um processo bastante significativo para a comunidade como um todo, que assume o tempo e a importância de refletir sobre si mesma.


Histórico


Até 1976, a escola fazia parte de um polo que concentrava mais outros cinco prédios escolares, entre escolas de educação infantil e do fundamental (antigas escolas primárias).

Nesse período, o país havia acabado de sair de uma ditadura de 48 anos e as escolas públicas se encontravam em altos níveis de precariedade. O grau de violência interna subia a cada dia, desmotivando e desmoralizando os profissionais da educação. O ensino, feito com base em manuais iguais para todos, era um dos causadores do desinteresse. Outro era a estrutura física do prédio escolar, que se encontrava em total decadência.

A equipe escolar passou, então, a questionar os problemas e deficiências daquela escola, identificando que ajustes não alcançariam a mudança esperada: era necessária uma verdadeira revolução pedagógica. E essa vontade de mudança encontrou eco nas ideias do educador José Pacheco, que, ao longo de sua vida como professor, não enxergava mais sentido nas aulas tradicionais nem no que chamava de fundamentalismo pedagógico.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Foi assim que após inúmeras discussões a equipe pedagógica da Escola da Ponte resolveu abolir as séries, provas, salas de aulas e disciplinas, alicerçando sua proposta pedagógica para o exercício da autonomia e da liberdade. Antes visto como solitário, o trabalho do professor assume um caráter compartilhado, desenvolvido em conjunto com outros professores e com estudantes, que passam a desenvolver atividades de educação de pares, em um processo de troca e construção coletiva, em que todos aprendem e ensinam ao mesmo tempo.

Com o tempo, dado seus resultados, em 2008, a escola conseguiu tornar-se autônoma do Ministério da Educação e Ciência (MEC) de Portugal, por meio de um contrato vigente até o ano letivo de 2015/2016. Na prática, o contrato aponta várias metas à escola, a fim de compreendê-la como proponente de uma estrutura pedagógica capaz de inspirar outras instituições e quiçá reformular o sistema como um todo.

Início e duração: 1976 até os dias atuais.

Local: Município de Santo Tirso, em Portugal

Resultados e inspirações: Além da autonomia da escola à organização curricular e pedagógica do Ministério, a Escola da Ponte influenciou a aprovação do Decreto de Lei 6/2001, de 18 de janeiro de 2001, sobre a Reorganização Curricular do Ensino Básico, que deu espaço a outros modelos de escolas públicas.

Aluno-professor

Na Escola da Ponte, muitos dos professores foram alunos da escola e tornaram-se ávidos apaixonados pela proposta, reestruturando-a continuamente, ao passo que os tempos e estudantes se transformam.

O educador José Pacheco, um dos idealizadores da proposta, entendeu que a comunidade estava tão apropriada do “Fazer a ponte” e tão capaz de reconstruí-lo diariamente, que acabou deixando a direção da unidade e rumou para o Brasil, para apoiar a Escola Âncora, em Cotia (SP). Inspirada na proposta portuguesa, a escola atende gratuitamente alunos na mesma perspectiva de construção de autonomia, abolindo provas, ciclos e séries e reunindo os estudantes como educadores de seus pares.

Na mesma perspectiva, desde 2004, a Escola Municipal Desembargador Amorim Lima e , desde 2008, a Escola Municipal Presidente Campos Sales, localizadas em São Paulo, reconfiguraram seus projetos pedagógicos, substituindo a estrutura das salas de aula e assumindo os estudantes como protagonistas da aprendizagem.

Sitehttp://www.escoladaponte.pt



Com a colaboração de Jéssica Moreira
In: https://educacaointegral.org.br/experiencias/escola-da-ponte-radicaliza-ideia-de-autonomia-dos-estudantes